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quarta-feira, janeiro 04, 2006

O que diz quem sabe...

Às vezes tenho alguma dificuldade em explicar o que sinto, porque é que sofro, em entender mesmo os meus próprios sentimentos, e por isso penso que as pessoas que me conhecem podem também não entender bem tudo isto por que estou a passar. Espero que este texto ajude um bocadinho.
"A nossa sociedade considera legítima a opção de não querer ter filhos, mas o facto de os não poder ter continua a ser problemático. São muitas as pessoas que não falam disso por medo de que não as levem a sério, para não incomodarem os outros ou porque é doloroso e violento para elas falarem disso. À frequente e muito temida pergunta sobre se gostariam de os ter, é-lhes mais fácil responder que (ainda) não do que dizerem que não podem, embora no fim de contas, o não falar de uma coisa que governa a tal ponto a vida acabe por pesar e aumente o sentimento de solidão.

Trata-se de escolher entre duas possibilidades, qual delas a pior. Os que decidem falar disso publicamente também apanham com frequência decepções. Tal como as piadas de mau gosto, os comentários bem intencionados podem igualmente ser muito ofensivos. Para quem ainda não conseguiu aceitar isso, não ter filhos involuntariamente é uma ferida aberta. No processo de assimilação intervêm sentimentos como a ira, o desespero, a auto-compaixão e o ciúme, os quais indesejáveis, causam incompreensão e irritação nos outros. Não é fácil partilhar a dor provocada pela perda de um filho que, «na realidade», nunca chegou a existir, e aqueles que não viveram a situação na sua própria carne têm dificuldade em entendê-la.

Não há dúvida de que esta experiência provoca alterações drásticas na vida dos que passam por ela. Implica uma prova dura para as relações do casal, porque os homens e as mulheres não enfrentam, em geral, a dor da mesma maneira, e as relações com os amigos e familiares que têm filhos passam por momentos muito maus. Os anúncios de gravidez e nascimento são um suplício recorrente e as visitas aos recém-nascidos, uma maldição. A auto-estima desmorona-se quando é o nosso próprio corpo que nos deixa mal. Durante anos, perde-se muita energia e tempo em exames médicos, nas operações e tratamentos de FIV, à custa de outras actividades como o trabalho, a diversão e a vida social. Para quem quer ter filhos, realizar esse desejo representa uma parte essencial da sua existência. Ao aperceberem-se de que tal é impossível, muitas pessoas mergulham na maior crise da sua vida ".

Texto retirado do livro da autora Judith Uyterlinde - " Quando a gravidez não chega ", da Casa das Letras

9 Comments:

At 2:20 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Posto isto, que dizer?
Desistir nunca, não esqueças que desistir é próprio dos fracos e esses não chegam a lado nenhum.
Jinhos e tudo de bom

 
At 3:15 da tarde, Blogger Bárbara - Sol e Lua said...

Já tinha ouvido falar desse livro mas nunca o cheguei a ler, acho que essas palavras são pura verdade e o que dizer mais?!

Só peço a Deus que traga muitos bébés para todas as mulheres que tanto desejam e que não "mate" tantas crianças......

Quem espera sempre alcança:-)

Uma beijoca enorme cheia de miminhos, e dia 25 diz-me quando vens porque não trabalho e posso ir ter contigo e lancahr antes da consulta caso queiras:-)

 
At 3:22 da tarde, Blogger Mamã said...

Oi!
Não desistas! Qd menos esperares terás a tua recompensa!

Bjs

 
At 4:06 da tarde, Blogger Susy said...

Querida! Infelizmente sei o k é isso, já passei por 2 abortos, um deles há apenas 1 semana (ainda nem está completo) a dor é mt maior k não conseguir engravidar - e eu sei pk nós sofremos de infertilidade de 2.º grau (dos 2 lados) e eu tenho SOP. tem sido um confusão tremenda mas vamos conseguir pk nunca vamos desistir...
Um beijinho e Força!!!
Susy

 
At 5:08 da tarde, Blogger Unknown said...

Amiga,
As palavras da autora resumiram de modo muito completo tudo aquilo que sinto! De facto, não o conseguiria dizer melhor!

Em relação à mensagem que deixáste no meu blog, queria dizer-te que há Instituições que aceitam voluntários. Por exemplo, A Casa do Caminho aceita que os casais levem crianças para passar fins de semana e coisas do género (não sei bem em que moldes). A mim custa-me aventurar-me em coisas dessas, pelo receio de criar laços que depois teriam de ser quebrados qd as crianças são dadas para adopção.
É um mundo novo para mim, por isso, para já, prefiro apenas contribuir monetariamente...
Beijinhos
Alexandra

 
At 6:18 da tarde, Blogger Anna72 said...

Na minha opinião é pior não tentar ou desistir do que tentar e não conseguir, apesar das consequências a nível psicológico.

Beijocas

 
At 6:47 da tarde, Blogger Bunny said...

A palavra de ordem do começo deste ano é:
Fé!
Nunca te esqueças que há Alguém lá em cima a fazer o bebé mais lindo do mundo para cada uma de nós que tanto lutamos!
Amiga, estou ctgo sempre!
Um beijinho carregadinho de ternura e de esperança
Rita

 
At 8:58 da tarde, Blogger criolinha said...

Nós entendemos miga!
Um beijãaaaaao!
Criolinha

 
At 10:48 da tarde, Blogger Summer said...

Musa,

Também já li esse livro e tem passagens que descrevem muito bem os nossos sentimentos.

Algumas delas fizeram-me sentir até aliviada por perceber que afinal "é normal" sentir isto.

Bjs.

 

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