O início (Parte I)
Disseram-me ontem que estou com uma depressão. E foi um médico. Nunca pensei que tal fosse possível, embora já tivesse pensado no assunto. Nunca tive, nunca achei que fosse do género, nem quando tanto sofri por causa da infertilidade, e chorava tantas e tantas vezes…
Disseram-me que, provavelmente, surgiu após o parto e tem-se vindo a arrastar. Após o parto dos meus bebés também sofri muito. Aliás, sofri como nunca tinha sofrido…
Lembro-me que durante a cesariana propriamente dita, estava muito feliz, felicíssima: as médicas iam falando comigo e eu tinha um sorriso enorme cravado no rosto e falava dos meus sonhos, daquilo que desejava, que passados 2 anos sobre aquele momento, estivesse de novo naquela maternidade a dar à luz de parto normal um único bebé gerado “naturalmente”. Lembro-me de chorar de felicidade quando os meus bebés nasceram. Lembro-me de mos terem mostrado: o Dinis já na incubadora, para onde foi assim que o tiraram de dentro de mim, por ser muito pequenino (1400g); e a Leonor, que os enfermeiros ainda vestiram com a roupinha que eu tinha preparado com tanto amor, porque pensaram que ela não precisaria de cuidados intensivos uma vez que pesava já 2100g, e que me trouxeram para eu beijar com toda a força daquele amor acabado de nascer. Mas uns minutos depois, a minha princesa começou a ter dificuldades respiratórias, e tiveram que lhe tirar as roupinhas e levá-la a ela também para uma incubadora e para os cuidados intensivos, onde foi fazer companhia ao mano passarinho. Sozinha, fui levada para o quarto, feliz ainda assim por aquele momento tão arrebatador, mas já com o sentimento de que me faltava algo. A primeira noite foi passada ligada ao monitor, e a assistir aos cuidados que a minha colega de quarto ia dispensando ao seu menino acabado de nascer também nesse dia. As dores começaram a fazer-se sentir à medida que o efeito da epidural se desvanecia, mas a dor maior era mesmo a de não ter os meus bebés ao pé de mim, de não poder tratar deles, de não saber nada. De manhã, lá consegui falar com o M., que tinha passado grande parte da noite ao pé deles. Comecei a desesperar: não me conseguia ainda levantar para os poder ir ver (aliás, a primeira tentativa foi mesmo seguida de um quase desmaio), sentia-me completamente mutilada por não ter os meus bebés ao pé de mim e via as outras mulheres todas com os seus, não sabia como estavam a ser alimentados e queria dar-lhes o meu leite e estar ao pé deles o mais cedo possível, as dores eram cada vez mais insuportáveis e os analgésicos que me estavam a administrar não ajudavam em nada… As lágrimas corriam livremente pelo meu rosto sem eu conseguir fazer o que quer que fosse para as disfarçar ou fazer parar. Finalmente, perto do meio-dia, já fora da cama, trouxeram-me uma bomba para eu iniciar a estimulação do peito e disseram-me que no fim me levariam aos meus bebés. Là fui eu para a sala das bombas (um verdadeiro terror) durante 20 minutos, ao fim dos quais consegui 1 miserável gota de colostro, para meu grande constrangimento, que mesmo assim me disseram para levar para os cuidados intensivos para misturarem no leite adaptado que estavam a dar aos meus pequeninos… E assim, com um biberão nas mãos que continha uma gota de colostro para dois bebés, e o coração aos saltos, a garganta apertada e um nó na barriga, meti-me no elevador que me conduziria ao 3º piso, à UCIRN, para ver e finalmente tocar naqueles dois seres por quem tanto tinha ansiado e a quem já tanto amava, há tanto tempo…
Disseram-me que, provavelmente, surgiu após o parto e tem-se vindo a arrastar. Após o parto dos meus bebés também sofri muito. Aliás, sofri como nunca tinha sofrido…
Lembro-me que durante a cesariana propriamente dita, estava muito feliz, felicíssima: as médicas iam falando comigo e eu tinha um sorriso enorme cravado no rosto e falava dos meus sonhos, daquilo que desejava, que passados 2 anos sobre aquele momento, estivesse de novo naquela maternidade a dar à luz de parto normal um único bebé gerado “naturalmente”. Lembro-me de chorar de felicidade quando os meus bebés nasceram. Lembro-me de mos terem mostrado: o Dinis já na incubadora, para onde foi assim que o tiraram de dentro de mim, por ser muito pequenino (1400g); e a Leonor, que os enfermeiros ainda vestiram com a roupinha que eu tinha preparado com tanto amor, porque pensaram que ela não precisaria de cuidados intensivos uma vez que pesava já 2100g, e que me trouxeram para eu beijar com toda a força daquele amor acabado de nascer. Mas uns minutos depois, a minha princesa começou a ter dificuldades respiratórias, e tiveram que lhe tirar as roupinhas e levá-la a ela também para uma incubadora e para os cuidados intensivos, onde foi fazer companhia ao mano passarinho. Sozinha, fui levada para o quarto, feliz ainda assim por aquele momento tão arrebatador, mas já com o sentimento de que me faltava algo. A primeira noite foi passada ligada ao monitor, e a assistir aos cuidados que a minha colega de quarto ia dispensando ao seu menino acabado de nascer também nesse dia. As dores começaram a fazer-se sentir à medida que o efeito da epidural se desvanecia, mas a dor maior era mesmo a de não ter os meus bebés ao pé de mim, de não poder tratar deles, de não saber nada. De manhã, lá consegui falar com o M., que tinha passado grande parte da noite ao pé deles. Comecei a desesperar: não me conseguia ainda levantar para os poder ir ver (aliás, a primeira tentativa foi mesmo seguida de um quase desmaio), sentia-me completamente mutilada por não ter os meus bebés ao pé de mim e via as outras mulheres todas com os seus, não sabia como estavam a ser alimentados e queria dar-lhes o meu leite e estar ao pé deles o mais cedo possível, as dores eram cada vez mais insuportáveis e os analgésicos que me estavam a administrar não ajudavam em nada… As lágrimas corriam livremente pelo meu rosto sem eu conseguir fazer o que quer que fosse para as disfarçar ou fazer parar. Finalmente, perto do meio-dia, já fora da cama, trouxeram-me uma bomba para eu iniciar a estimulação do peito e disseram-me que no fim me levariam aos meus bebés. Là fui eu para a sala das bombas (um verdadeiro terror) durante 20 minutos, ao fim dos quais consegui 1 miserável gota de colostro, para meu grande constrangimento, que mesmo assim me disseram para levar para os cuidados intensivos para misturarem no leite adaptado que estavam a dar aos meus pequeninos… E assim, com um biberão nas mãos que continha uma gota de colostro para dois bebés, e o coração aos saltos, a garganta apertada e um nó na barriga, meti-me no elevador que me conduziria ao 3º piso, à UCIRN, para ver e finalmente tocar naqueles dois seres por quem tanto tinha ansiado e a quem já tanto amava, há tanto tempo…
ADENDA: Este relato continua num próximo post. Em relação ao início da conversa: o médico acha que sim, mas eu não concordo. Não estou com uma depressão e não vou tomar anti-depressivo nenhum. Tenho é dias menos bons, como toda a gente...
9 Comments:
Olá,
Bem um tempinho sem estr por cá e tantas novidades.
Ainda bem q os teus bebés já estão melhores, agora à q curar essa depressão, força amiga, tudo se recompõe, e também no meio de tantas emoções essa acaba por ser uma conclusão previsível, mas com a ajuda dos teus bebés tudo irá melhorar, afinal eles são as melhores coisinhas que temos, não é mesmo?!? Nem posso imaginar o que passas-te, sem os poderes ter junto de ti, deve ser uma sensação de impotência terrível.
Beijocas muito grandes com votos de rápidas melhoras
CC & Ricardo
Amiga,
Sei bem do que falas!
Quanto à depressão... Bem, não tenho muitos elementos para te ajudar, mas se andar cansada até à exaustão é estar deprimida... Então deves estar...
Beijocas
Linda eu vou-te dar uma opinião pessoal que passei por uma depressão pós-parto, a minha felizmente foi detectada ao fim de 2 semanas, tinha raiva de todos, esquecia.me das coisas mesmo fazia á 5 minutos atráz. o proprio medico me disse" és um barrir de polvora pronto a explodir" não conseguia chorar mesmo que quizesse parecia tinha um nó na garganta. Não conseguia dormir, cada hora que conseguia era uma vitória.
o medico receitou-me valdispert é mto fraco é feito de chás, ao incicio tomava todas as refeições andei assim 15dias depois reduzi para 1 de manhã e outro ao deitar.
Aos 4 meses deixei o da manhã, aos 6 o da noite. tenho uns mais fortes mesmo dose cavalo felizmente só tive tomar 2.
Tu que sabes, mas se o medico disse conveem não arriscares arrastar a vizinha dos meus pais a depressão só foi detectada ao fim de um ano ela teve montes de problemas teve ser mesmo internada uns dias, depois foi tratada hoje está boa, mas tu que sabes boa sorte
bjocas para vçs
Luna
foi um ano cheio, muitas coisas maravilhosas (os teus meninos) mas também algumas coisas menos boas, és humana por isso é natural que te sintas muito cansada e como dias menos bons. Cuida de ti, com carinho porque mereces. desejo as tuas melhoras rápido.
beijinhos grandes
Olá
Pode não ser depressão, pois não sou médica nem faço diagnósticos, mas sim um enorme e grande cansaço. Já pensas-te no tempo de luta antes de teres os teus bebés? Nas angústias, esperanças e tudo o resto? Na gravidez, ansiedades e o pós-parto? Tudo somado dá um enorme cansaço emocional, não só o físico conta.
Bjks grandes e as melhoras
PS: Cuida muito bem de ti, se estiveres bem a tua família também estará. És mamã e esse estatuto obriga-te a pensar em ti.
Bom dia minha querida,
Vou começar um grande testamento, pronta a ler?
Estudei psicologia durante 3 anos no Porto e 2 em Santiago de Compostela e não acabei o curso, ficou pelo caminho de santiago.....com uma depressão.
Estive alguns meses sem saber o que tinha,s em perceber sequer e pouco ou nada fazia , não ía ás aulas, não queria saber do mundo, a fase má tinha passado para uma fase péssima.
Memso assim eu achava que estava optima, simplemente estava desfasada da realidade mas achav-me bem.
Vivia com 2 amigas que em maio de 1998 me abanaram de tal forma que olhei e vi-me memso muito mal. Estava assim sem querer saber do mundo há muito mas a sério percebi que estava assim desde Dezembro de 1997. Não queria vir ao Porto, estava sozinha sempre que conseguia e vivia no meu mundo, nocturno.
Foi terrivel assumir que tinha algo e estando a estudar psicologia pior ainda mas fui a umas consultas com uma psicologa e nunca pensei que me ajudasse tanto, falar, falar sem conhecer aquela pessoa fez-me bem, senti-me como que a falar com uma "parede" mas que olhava para mim e me ouvia, decifrou o que eu tinha e como eu não gostava de mim achou que esse era o ponto fulcral juntamente com outro que era eu achar que nunca iria acabar o curso nem nenhum curso por ser BURRA e achar que iria dar um grande desgosto aos meus pais. (por isso hoje sorrio e orgulho-me de estar a acabar a licenciatura em RP)
Costou-me amiga, custou-me acima d etudo olhar em frente e perceber que estava num poço tão fundo tão fundo que não cosneguia sair, olhava para cima e não vi-a nada a nãos er uma luzinha pequenininha lá em cima. Comm muita ajuda consegui voltar a mim, voltar a ser eu ( a ba de hoje) e sorrir, rir como sempre tinha rido e ser eu mesma sem nada a tapar-me.
Descobri qe quando achava que estava numa fase ma afinal devia etr ouvido os conselhos d egente sábia, gente que me dizia que devia consultar um médico para conversar, gente que me dizia que devia tomar umas valerianas e uns chás de tilia para ver se relaxava porque essa gente dizia que eu estava a ficar com uma depressão....nunca lhes liguei e quando finalemnte olhei para mim estava fora de mim, fora do meu controlo e fora de tudo...achei que nunca mais seria eu, estava magra, vivia na noite e a única coisa que me fez lutar e me fez ainda viver na relaidade era o meu cão que estava em espanha comigo e que eu era obrigada a leva-lo à rua, leva-lo a passear e só assim eu saía também de casa, sempre à 1 da manhã lembro-me!
Amiga, não digo que estejas com uma depressão porque isso nota-se mas o que posso deduzir pelo pouco que aprendi e pela minha experiencia é que deves sim consultar um psicologo, não um médico mas sim um psicologo que nem sequer te pode receitar medicamentos(só psiquiatras podem) e conversar, dizer isto que nos contaste, o que te vai na alma e o que tanto te fez sofrer durante parte da tua vida, estas coisas que nos contas aqui fazem-te bem, faz-te bem falar e iria fazer-te bem falarcom alguém que te entende melhor que ninguém, alguém que olhando para ti interpreta o que pensas, o que sentes e ouve-te, acima de tudo entende-te e ajuda-te a superar a dor que sentiste no passado e que hoje, graças a Deus, está ultrapassada com os gemeos, no entando na tua "cabeçinha e coração" não está de todo ultrapassada.Algo que te martiriza e te vai doendo, daí eu achar que deverias ir conversar com alguém.
Tomar anti depressivos nem eu tomei...sou contra medicamentos e mesmo no meu estado, considerado grave (tive de voltar para portugal porque não podia estar sozinha)nem assim tomei anti depressivos, tudo ao natural, conversas, passeios, e valerianas e produtos naturais de ervas, isso sim ajuda e chás de tilia calmantes.
Amiga, luta por ti pois é provavel que estejas a sentir-te bem mas o stress que a vida te deu fez-te marcar uma fase da tua vida e é essa fase que faz o medico dizer que tens uma depressão pois foi tensa, dura e marcante.
Passeia, ri, convive e agora que os gemeos vão fazer 1 aninho começam a estar mais independentes e vocês, pais poderão ter a vossa vida novamente mais estabilizada e isso irá estabilizar a tua mente, socialmente devem sair mais e sobretudo, se te snetires bem com isso visitar um psicologo, agora ou quando achares que deves.
Após passar o que passei digo-te que com uma depressão não estás, podes sim estar com um inicio de depressão ou até inicio de esgotamento mas afirmar com todas as letras que tens uma depresão, isso amiga, acho que não...
Resta-me pedir despculpas pela lenga lenga toda que escrevi e deixar um enorme beijinho
Bárbara
Tu é que sabes como te sentes! Mas não hesites em pedir ajuda se achares que tá na hora! é humano, é normal e é de uma grande mulher assumir que é preciso ajuda!beijos grandes
Esse relato deixa-me cheia de lágrimas... tb passei por isso, pela dôr de me sentir sózinha, nem o pai da bébé ao meu lado estava para me apoiar e chorar a ausencia da minha filha. A cesariana tb não me deixou ir vê-la de imediato e isso ainda mais me castrou... depressão? É possível, os médicos gostam de a diagnosticar no pós parto, é moda... nós sabemos que são apenas dias de mãe.
beijos grandes.
olá amiga,
Mesmo que não seja uma depressão tens que tomar medidas e já!
Hoje é uma coisa, amanhã outra quando deres por isso, já o caso pode ser mais grave.
As tuas estrelas precisam de ti, mas tu tambem precisas de um tempo só para ti, para te cuidar, para estar contigo propria. Se precisares de mim quando vieres cá cima diz, eu e a tua mãe passamos um dia com eles, e tu vais ver o mar, passear, dormir ou namorar ..
Um beijo enorme.
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