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quinta-feira, novembro 29, 2007

IIª Parte

Como explicar o que senti quando finalmente vi os meus bebés deitadinhos nas suas incubadoras, a dormirem como se fossem anjinhos, de barriga para baixo, apenas tapados com uma fralda, bracinhos e perninhas dobrados ao lado daqueles corpinhos tão pequeninos, tão magrinhos, tão frágeis, tão indefesos… Mal me aproximei deles, senti uma onda enorme e avassaladora inundar o meu coração, uma coisa quase insuportável, sem explicação, um sentimento assustador de tão intenso: era amor de mãe, a nascer e crescer em mim. E mais uma vez, todas as emoções se transformaram em lágrimas, muitas lágrimas, que deixei correr enquanto abria as portas das incubadoras e finalmente pousava a minha mão sobre os meus bebés. Nem sei quanto tempo ali estive a fazer-lhes festas e a cantar-lhes as músicas de embalar que tantas vezes lhes tinha cantado durante a gravidez e que, no meu coração, eu tinha a certeza que eles reconheciam (ou o toque, ou as músicas, ou ambos), já que os sentia a fazer exactamente os mesmos movimentos que naquele tempo sentia quando pousava as mãos na minha barriga.
Ao fim de todo esse tempo, as enfermeiras que estavam a tratar dos meus bebés e que tinham assistido a tudo, disseram-me que estava na hora de tratar deles e que eu poderia aprender as várias tarefas para ser eu depois a fazê-las, a cada 3 horas. E assim começou o meu estágio na UCIRN, a aprender a cuidar dos meus bebés, primeiro dentro das incubadoras, mesmo para lhes dar banho, e mais tarde nos pequenos berços para onde passaram. De 3 em 3 horas, de dia e de noite, subia à UCIRN (quando já lá não estava a contemplar os meus anjinhos) para nova ronda de temperaturas, tensões, fraldas, biberões. Aliás, os biberões vieram mais tarde. No início, os meus pequeninos nem força tinham para se alimentar por biberão, pelo que eram alimentados por uma sonda gástrica. É tão difícil ver num ser tão diminuto, um tubo em plástico a entrar-lhe pelo nariz, por onde lhe injectam (sim, mesmo com uma seringa) leite de 3 em 3 horas. Foi a única coisa que nunca fui capaz de fazer: alimentá-los através da sonda (nem conseguia tocar naquela coisa), e vê-las a tirar e a meter aquele tubo nos meus bebés. Lembro-me de uma vez a enfermeira, inadvertidamente, estando eu presente, ter tirado a sonda a um deles à minha frente: toda eu estremeci, os meus olhos encheram-se de lágrimas e eu pedi-lhe para não o voltar a fazer ao pé de mim, porque não aguentaria. Nos intervalos destas rondas, também de 3 em 3 horas, de dia e de noite, ia para a sala das bombas e estimulava o peito, nos primeiros tempos apenas durante 10 minutos de cada lado, e isto para conseguir tirar umas quantidades risíveis de leite, mas aos poucos, com a persistência da minha obsessão em alimentar os meus filhos com o meu leite, durante cada vez mais tempo, até que cheguei à meia-hora em cada peito, e não tirava mais porque me disseram que não deveria estar mais tempo com a bomba por esta ser muito agressiva. E se era!... Vezes houve em que, ao colocar a bomba na mama e ligá-la, a primeira coisa a sair foi sangue e não leite. Nessas alturas, eu desligava a bomba, limpava o sangue com um lenço, e recomeçava as vezes que fossem necessárias até que saísse o leite limpinho para levar aos meus filhos. E, de dia e de noite, no fim de tirar leite, subia à UCIRN e ia guardar aquele tesouro lá em cima para o poderem dar na mamada seguinte aos meus bebés. No início, o pouco leite que fui conseguindo era exclusivamente para o meu passarinho, por ser mais pequenino e ter eventualmente menos defesas, mas à medida que fui continuando com a estimulação, o leite foi chegando para alimentar os dois, e acabou mesmo por dar ainda para congelar para o futuro, e finalmente, quando ultrapassei a minha “quota” de ocupação do congelador da UCIRN (sim, porque com tantos bebés, tem que ser assim), informaram-me que iriam ter que “descartar” (eufemismo para “deitar fora”) algum do meu leite. Foi mais um momento difícil, ver aquele tesouro que tantas dores eu tinha suportado para conseguir, ser descartado por falta de espaço. Andava completamente exausta com todos estes afazeres, mas nem me apercebia, até um dia uma enfermeira da UCIRN me ter parado por um momento e me ter dito: “A E. precisa de descansar. Já olhou bem para si?”. Tinha as pernas inchadas como nunca tinha tido (nunca tive as pernas inchadas, nem muito, nem pouco, nem no fim da gravidez, nunca me tinha acontecido) por passar demasiadas horas em pé e não descansar nada, mas não houve nada capaz de me parar, e continuei com o meu ritmo, a tratar dos meus bebés como eu achava que devia. (continua).

segunda-feira, novembro 26, 2007

O início (Parte I)

Disseram-me ontem que estou com uma depressão. E foi um médico. Nunca pensei que tal fosse possível, embora já tivesse pensado no assunto. Nunca tive, nunca achei que fosse do género, nem quando tanto sofri por causa da infertilidade, e chorava tantas e tantas vezes…

Disseram-me que, provavelmente, surgiu após o parto e tem-se vindo a arrastar. Após o parto dos meus bebés também sofri muito. Aliás, sofri como nunca tinha sofrido…

Lembro-me que durante a cesariana propriamente dita, estava muito feliz, felicíssima: as médicas iam falando comigo e eu tinha um sorriso enorme cravado no rosto e falava dos meus sonhos, daquilo que desejava, que passados 2 anos sobre aquele momento, estivesse de novo naquela maternidade a dar à luz de parto normal um único bebé gerado “naturalmente”. Lembro-me de chorar de felicidade quando os meus bebés nasceram. Lembro-me de mos terem mostrado: o Dinis já na incubadora, para onde foi assim que o tiraram de dentro de mim, por ser muito pequenino (1400g); e a Leonor, que os enfermeiros ainda vestiram com a roupinha que eu tinha preparado com tanto amor, porque pensaram que ela não precisaria de cuidados intensivos uma vez que pesava já 2100g, e que me trouxeram para eu beijar com toda a força daquele amor acabado de nascer. Mas uns minutos depois, a minha princesa começou a ter dificuldades respiratórias, e tiveram que lhe tirar as roupinhas e levá-la a ela também para uma incubadora e para os cuidados intensivos, onde foi fazer companhia ao mano passarinho. Sozinha, fui levada para o quarto, feliz ainda assim por aquele momento tão arrebatador, mas já com o sentimento de que me faltava algo. A primeira noite foi passada ligada ao monitor, e a assistir aos cuidados que a minha colega de quarto ia dispensando ao seu menino acabado de nascer também nesse dia. As dores começaram a fazer-se sentir à medida que o efeito da epidural se desvanecia, mas a dor maior era mesmo a de não ter os meus bebés ao pé de mim, de não poder tratar deles, de não saber nada. De manhã, lá consegui falar com o M., que tinha passado grande parte da noite ao pé deles. Comecei a desesperar: não me conseguia ainda levantar para os poder ir ver (aliás, a primeira tentativa foi mesmo seguida de um quase desmaio), sentia-me completamente mutilada por não ter os meus bebés ao pé de mim e via as outras mulheres todas com os seus, não sabia como estavam a ser alimentados e queria dar-lhes o meu leite e estar ao pé deles o mais cedo possível, as dores eram cada vez mais insuportáveis e os analgésicos que me estavam a administrar não ajudavam em nada… As lágrimas corriam livremente pelo meu rosto sem eu conseguir fazer o que quer que fosse para as disfarçar ou fazer parar. Finalmente, perto do meio-dia, já fora da cama, trouxeram-me uma bomba para eu iniciar a estimulação do peito e disseram-me que no fim me levariam aos meus bebés. Là fui eu para a sala das bombas (um verdadeiro terror) durante 20 minutos, ao fim dos quais consegui 1 miserável gota de colostro, para meu grande constrangimento, que mesmo assim me disseram para levar para os cuidados intensivos para misturarem no leite adaptado que estavam a dar aos meus pequeninos… E assim, com um biberão nas mãos que continha uma gota de colostro para dois bebés, e o coração aos saltos, a garganta apertada e um nó na barriga, meti-me no elevador que me conduziria ao 3º piso, à UCIRN, para ver e finalmente tocar naqueles dois seres por quem tanto tinha ansiado e a quem já tanto amava, há tanto tempo…
ADENDA: Este relato continua num próximo post. Em relação ao início da conversa: o médico acha que sim, mas eu não concordo. Não estou com uma depressão e não vou tomar anti-depressivo nenhum. Tenho é dias menos bons, como toda a gente...

segunda-feira, novembro 12, 2007

Novidades

A semana que passou acabou por trazer mais preocupações ainda, em vez da paz por que tanto ansiávamos.
O meu passarinho começou com febre logo na 2ª feira e passou assim quase a semana toda. Na 5ª feira, finalmente, as coisas pareceram acalmar, mas na 6ª feira, quando eu pensava que tudo tinha passado, o meu menino ficou com o corpo todo coberto de manchinhas vermelhas. Não preciso de vos explicar a aflição em que mergulhei… O pediatra não estava, da linha Saúde 24 não me conseguiram ajudar porque eu se calhar não conseguia responder com o rigor necessário às milhentas questões que colocaram (e bem), e a nossa médica de família só ficou disponível às 19h30. O diagnóstico: exantema súbito. Parece que não é nada de grave, mas até saber isso…
Eu também piorei consideravelmente e portanto as minhas noites foram passadas a tentar controlar os meus ataques de tosse para não acordar a casa inteira. O que me valeu foi a bendita mebocaína mas só a descobri já no fim da semana.
Como há males que vêm por bem, com tudo isto, acabei de recuperar o peso pré-gravidez: 55 kg. Espero que não desça daí…
Este fim de semana foi de Assembleia Geral da API, que de geral teve muito pouco, mas que de qualquer maneira serviu para rever caras conhecidas e muito queridas e para finalmente encontrar uma amiga muito querida, que eu tanto ansiava por conhecer! Foi muito pouco tempo, muito rápido, mas eu ADOREI!!!
Esta semana começa mais calma, e acima de tudo, com o meu coração mais sereno: os meus bebés estão melhores, já dormem melhor, o meu Dinis recuperou todas as energias (e são tantas!) e eu sinto-me a pessoa mais abençoada do mundo por vê-los bem e felizes de novo. Esperemos que esta acalmia tenha vindo para durar.

segunda-feira, novembro 05, 2007

EXAUSTA

É como me sinto….
Os meus anjinhos são a coisa mais linda do mundo, mas consomem cada segundo do meu tempo, cada caloria de energia do meu corpo cansado, e sinto-me perto da ruptura…
Quando tudo está bem, tudo está bem e tudo é maravilhoso: comem lindamente, dormem que dá gosto, são bem comportados, lindos de morrer.
Mas quando, como desde a 4ª feira passada estão os dois doentes (sim, por que com gémeos, nunca está só 1 doente: ou não está nenhum ou estão os dois), com constipações fortíssimas, ataques de tosse que me dão vontade de chorar, conjuntivites (os 4 olhos!), passam pessimamente as noites fazendo-nos acordar 10 a 20 vezes em cada uma, e tudo isto ainda coincide com um fim de semana prolongado que incluiu:
- 1 ensaio de um coro de antigos colegas da universidade na 5ª feira passada em Aveiro para cumprir uma tradição antiga
- 1 ida na 6ª feira para o Minho, com toda a parafernália que uma viagem destas envolve e com os milhentos preparativos associados à ida a um casamento
- 1 casamento no Sábado, em que a missa foi cantada pelo dito coro, com um casal de gémeos a tiracolo, papas, iogurtes, fraldas trocadas no banco do carro, uma ida a casa a meio da festa para pôr os pequeninos a dormir, e mais uma noite mal dormida à conta dos malditos ataques de tosse
- Pai e mãe contagiados pelas maleitas dos anjinhos, passando a 4 o número de pessoas doentes e com ataques de tosse lá em casa
- 1 regresso a casa no Domingo, todos exaustos e a precisar urgentemente de dormir e de repouso

Não é muito meu costume queixar-me do trabalho que dão porque penso mesmo que é um trabalho muito bem-vindo e abençoado, mas hoje estou de rastos… Para além disso, no emprego o trabalho é imenso, as pressões enormes, e uma mulher tem que chegar a todos os fogos, segurar todas as pontas, e mostrar-se sempre forte, controlada, competente, bonita e arranjada. Eu hoje só queria deitar-me sobre a secretária e dormir, dormir, dormir!...