Acreditem que é assim que vejo e sinto o meu positivo da semana passada...
Depois do médico me ter avisado de que as probabilidades de sucesso deste tratamento eram, no meu caso, inferiores a 30%, depois de ter tido um tratamento tão difícil e que esteve tão perto de ser cancelado, depois de tudo, só posso mesmo pensar que aquilo que me aconteceu foi um quase milagre...
Passei a primeira semana de repouso e espera bastante calma, principalmente a ler e sem nunca ter feito repouso absoluto. Ao fim da tarde vinha sempre até à sala ver um bocadinho de televisão e jantava sempre cá em baixo. Na segunda semana já não foi tudo tão fácil e calmo... A ansiedade foi aparecendo aos poucos, e nos últimos dias foi ela que assumiu o controlo... De tal modo que, talvez por instinto de auto preservação, ou como mecanismo de defesa, acabei por me convencer, nos últimos 2 dias, que não estava grávida e que a análise iria servir apenas para confirmar aquilo que eu já sabia no meu íntimo: o tratamento não tinha resultado...
Praticamente não dormi durante a última noite (às 4h30 da manhã lá fui vencida pelo cansaço...) e acordei na 5ª feira passada com um desânimo enorme para ir fazer o bendito teste. O M. foi comigo e, uma vez que o resultado chegaria ao laboratório por volta das 16h30, ficaram de lhe ligar quando tal acontecesse para ele passar por lá, levantar o resultado e vir a casa trazer-mo.
Pedi-lhe para que ele não visse o resultado antes de mim e para me deixar ser eu a abrir a carta porque a última coisa que eu queria era, ao vê-lo chegar a casa, tentar adivinhar pela cara dele qual era o veredicto... Preferia ver o negativo no papel e não no rosto dele...
Quando o M. entrou em casa por volta das 16h45, lancei-me quase sobre ele, sem prestar qualquer atenção à sua expressão, para lhe tirar a carta que ele trazia fechada na mão e disse-lhe, com o coração na garganta “Vem para o pé de mim para abrirmos isto”. Percebi que ele me estava a tentar dizer alguma coisa mas sem entender bem o que era, tal era o nervosismo, e ele então agarrou-me para eu parar e disse-me claramente “Não é preciso.” E eu olhei para ele e percebi pelo sorriso enorme e brilhante que lhe vi nos lábios e nos olhos que o nosso sonho se tinha finalmente concretizado...
Como explicar o que senti naquele momento?... O sentimento de mais pura e genuína felicidade que é possível imaginar invadiu-me, todo concentrado numa fracção de segundo, como uma onda que nos bate de surpresa em cheio no rosto, como uma comporta sujeita a uma pressão inimaginável que repentinamente se abre, como se tivesse subitamente acordado de um pesadelo muito mau que durava há anos, percebendo que tudo não tinha passado de um sonho mau e que na verdade estava tudo bem... Foi um sentimento tão avassalador que a única coisa que consegui fazer foi desfazer-me num choro de felicidade há muito tempo contida, à espera deste momento. Por muito que me esforce e que tente explicar, nunca vou conseguir transmitir com a intensidade suficiente os sentimentos e as sensações que passaram pelo meu coração nesse dia.
Sinto-me a pessoa mais abençoada e afortunada por ter alcançado este resultado no meu primeiro tratamento, com todas as contrariedades que a ele estiveram associadas, e não tenho a menor dúvida de que a energia positiva com que tantas pessoas maravilhosas reais e virtuais me acompanharam neste percurso teve uma influência enorme e ajudou a que este sonho se tornasse realidade. É por isso que esta vitória não é só minha e do M., mas sim de muita muita mais gente, pelo que queria deixar aqui para todas vocês que me têm lido, seguido e apoiado de forma incondicional, um OBRIGADA do tamanho do mundo, que transporte toda a felicidade que eu sinto e que vos desejo, e toda a energia positiva que vos ajude também a vocês a alcançar todos os vossos sonhos, sejam eles quais forem. Algumas pessoas acompanharam-me de mais perto e, para essas (vocês sabem quem são), acreditem que contarão com o meu apoio e com a minha amizade sempre, em qualquer circunstância e que estarei sempre aqui para vocês.
Foi mais uma grande pequena vitória nesta luta que, no entanto, ainda não chegou ao fim, porque ainda há muito caminho para percorrer e nada está desde já garantido. Como sabemos, as 12 primeiras semanas são críticas, mas esta felicidade, já ninguém ma tira, e vou continuar a viver um dia de cada vez, esperando sempre que cada um deles me traga um pouco mais de felicidade e de esperança de que o sonho mau acabou mesmo, de vez...
Hoje queria deixar um beijinho muito muito especial para as minhas amigas Bunny, Pi e Susana Pina, que estão em fases cruciais dos seus tratamentos: amigas, estou a torcer muito muito por vocês, como as mesmas forças com que vocês torceram por mim! Acreditem, sempre!!!
Quando cheguei hoje aqui fiquei sem palavras ao ver todos os vossos comentários, todo o vosso carinho: vocês são qualquer coisa! Sinto-me abençoada por poder contar convosco nos momentos menos bons e nos maravilhosos como este... Obrigada, de coração...
PS: a beta deu 665 e a primeira eco é no dia 25 de Maio...